LUGARES
Lugares são espaços apropriados por práticas e atividades de naturezas variadas, tanto cotidianas quanto excepcionais, que constituem referência para a população.
ESTRADA DO PERAU
A Estrada do Perau, como é popularmente conhecida, foi aberta por volta dos anos 1840, contemporânea a Revolução Farroupilha, para servir de passagem para pessoas a pé. No início, era apenas uma picada, um caminho estratégico para as tropas militares, a fim de, diminuir o trecho rumo aos campos de cima da serra. A partir de 1856, o caminho foi alargado para garantir a passagem de carretas. O Perau tem cerca de 10 quilômetros, foi construída juntamente com a colonização alemã do Pinhal, atual Itaara. Naquela época, Santa Maria ainda pertencia a Cachoeira do Sul. Na década de 1940, período da 2ª Guerra Mundial, a estrada do Perau foi calçada, já que era considerada militarmente estratégica. Localizada na porção norte da cidade, no bairro Campestre do Menino Deus, tem como via de acesso a Rua Euclides da Cunha. Além disso, a estrada também faz ligação ao município de Itaara.
O Perau virou caso político em Santa Maria, devido a um fato curioso, à cobrança de pedágio no local. Por volta de 1886, a Câmara de Vereadores encaminhou à Assembleia Provincial, em Porto Alegre, um pedido feito pela população, para que se extinguisse o pedágio que vinha sendo cobrado na estrada. Segundo a população, a cobrança dificultava o trabalho dos carreteiros, que não tinham condições de pagar o tributo. Esse tributo foi considerado o primeiro pedágio da região, mas não há dados a respeito da forma como era cobrado.
Atualmente, a Estrada do Perau faz parte de uma proposta de roteiro, o qual proporciona uma bela vista panorâmica da cidade, uma vez que se encontra a aproximadamente, 430m de altitude. O local possui uma rica biodiversidade, com espécies de fauna e de flora ameaçadas de extinção. Esse espaço proporciona paisagens maravilhosas para os morros e para a mata nativa, dando ao transeunte uma visão espetacular. No decorrer do caminho os vãos entre morros se insinuam, e, além disso, a natureza deixa o espaço com um micro clima agradável, diferenciando-se do encontrado no centro da cidade de Santa Maria.
PONTE SOBRE O VALE DO MENINO DEUS
(GARGANTA DO DIABO)
Localizada na BR 158, entre Santa Maria e Itaara, distancia-se 12 km do centro da cidade. O Vale em “U” é originado de uma falha geológica, ou seja, a partir do desencontro de dois grandes blocos de rochas, característica marcante do Planalto Vulcânico. Apesar de esta forma de relevo ser comum no estado, na cidade de Santa Maria, apresenta-se como um convite.
Sobre esse Vale, na década de 50, foi construído um viaduto em curva, popularmente conhecido como “Garganta do Diabo”. A construção iniciou-se em 1957, e teve seu término em 1962. A ponte possui 76 metros de altura e 10 pilares de sustentação. Foi considerada uma realização técnico-científica e também um atrativo turístico de grande dimensão e suntuosidade. É um local serpenteado por área verde onde podemos ter uma vista majestosa.
A respeito da história do local, relatos de populares revelava a “Garganta do Diabo” como um local de difícil ocupação, o que foi comparado com algo próprio do diabo. Além disso, o local foi associado a suicídios entre outros crimes.
Com o intuito de desmistificar o mal, presente no nome popular, pelo bem, o legislativo municipal, na década de 90, do século XX, propôs a mudança do nome Ponte sobre o Vale da Garganta do Diabo para Ponte sobre o Vale do Menino Deus. A proposta diz representar, moradores das proximidades, e justifica-se pelo fato de que tal nome seria “uma denominação imprópria” [1]. Através da mesma, atualmente, vigora o novo nome, e a ponte passou a se chamar Vale do Menino Deus.
[1] Projeto de Lei da Câmara n° 129, de 2001, que “Altera a denominação da ponte sobre o km 316,5 da BR-158/RS”. PLC129-201/Parecer2002/Proposições Legislativas/U.
CALÇADÃO SALVADOR ISAIA
O Calçadão Salvador Isaia, popularmente chamado de Calçadão de Santa Maria, é o principal ponto comercial da cidade. Conhecido como shopping a céu aberto, o lugar também serve de ponto de encontro para os santa-marienses, principalmente, para os públicos de jovens e idosos.
PRAÇA SALDANHA MARINHO
Principal praça da cidade de Santa Maria localiza-se na zona histórica da cidade, próxima a outros importantes logradouros, Rua do Acampamento, Avenida Rio Branco e o Calçadão Salvador Isaia.
No início de sua história foi denominada de Praça Conceição, ou Capelinha. Em 17 de novembro de 1837, foi chamada de Praça da Matriz. No início do século 20, em homenagem ao engenheiro Joaquim Saldanha Marinho Filho, da Inspetoria Geral de Terras e Colonização, a Praça recebeu o nome que ainda hoje ostenta.
A Praça sempre serviu como palco de eventos especiais. Antigamente, abrigava o carnaval com as Batalhas de Flores. Em 1909, foi edificado a Casa de Chopps, um quiosque de madeira que foi destruído por um incêndio em 1922. Em 1923, foi construído mais um quiosque sextavado para fins comerciais, como a venda de jornais e flores.
Em 1933, a praça sofreu intervenções significativas, nas quais se estabeleceu um coreto e, no lugar do quiosque, um chafariz. Atualmente, a praça segue abrigando eventos culturais em especial a Feira do Livro e o Natal do Coração, que ocorrem todos os anos.
AVENIDA RIO BRANCO
A Avenida Rio Branco Localiza-se no Centro da cidade de Santa Maria, ligando a Praça Saldanha Marinho à Estação Ferroviária e à região norte. Considerada uma das principais avenidas de Santa Maria, ao longo do tempo teve vários nomes até chegar à denominação atual.
Surgiu no período de crescimento ferroviário em Santa Maria, onde a avenida era a primeira visão da cidade ao se desembarcar, de trem de passageiros, em solo santamariense por meio da ferrovia.
Seu primeiro nome foi "Rua General Rafael Pinto" (1819). A partir de, 1876 passou a se chamar "Rua Coronel Valença", e, em 1898 mudou o nome para "Avenida Progresso”. Somente, em 7 de outubro de 1908, recebe sua denominação atual, a "Avenida Rio Branco" que homenageia o Barão de Rio Branco.
Em 1898, a Avenida Rio Branco recebeu pavimentação com pedras irregulares. A parte norte da avenida surgiu em 1912, com loteamentos da área verde. Nos anos de 1988 até 1941 a avenida tinha dois níveis de solo no trecho entre a Rua dos Andradas e a Rua Silva Jardim, chegando a mais de 1,5 metros de diferença entre o lado leste que era mais alto que o lado oeste, fazendo-a receber o nome de "Calçada Alta".
Em 1940 e 1950, auge do desenvolvimento da cidade impulsionado pela ferrovia é construída a primeira Estação Rodoviária de Santa Maria, a que se localizava ao lado do prédio da antiga SUCV. Além disso, a primeira bomba de gasolina da cidade funcionava no canteiro central da avenida.
Aos poucos a avenida foi sendo descaracterizada, e o uso de ponto de encontro se perdera com a vegetação fechada, e, posteriormente, com o camelódromo. Os bancos do canteiro central ficaram escondidos e a via deixou de ser um ponto de lazer.
Em 2011 a Avenida Rio Branco foi revitalizada e inaugurada em 2012. Para isso, foram retirados os camelôs do canteiro central, e a avenida passou a contar com mais vagas de estacionamento. A vegetação que apresentava problema foi removida e houve a realocação do piso original. Além disso, foram distribuídos mobiliários urbanos e antigos monumentos, já esquecidos foram sendo relembrados.
Os monumentos do canteiro central são datados da década de 1930 até 2005. No total, 13 homenagens em forma de estátuas, obeliscos e placas comemorativas fazem parte e, também, contam um pouco da história do município.
ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE SANTA MARIA – GARE
A edificação da Estação Férrea de Santa Maria localiza-se no final da Avenida Rio Branco, importante avenida que corta a cidade e uma das mais antigas onde é possível encontrar parte do patrimônio histórico da cidade.
A história da ferrovia começa com Ernesto Beck, o qual doa o terreno para a construção da Estação Férrea. A estação férrea de Santa Maria foi inaugurada em 1885 pela E. F. Porto Alegre Uruguaiana, embora o pesquisador Antonio Isaia aponte o ano de 1900 como data da inauguração do prédio.
No início, arquitetonicamente teria existido apenas a edificação central de dois pavimentos e um anexo térreo, a leste, que já não existe mais.
O local durante décadas serviu de passagem para viajantes de todo o país. Sua importância se justificava por ter se tornado o maior complexo ferroviário do centro do Rio Grande do Sul.
Em 1905 a empresa VFRGS passou a administrar a ferrovia. No começo da década de 1920, os trens iam até São Paulo. Através desse sensível desenvolvimento foi realizada a construção da plataforma coberta para embarque e desembarque de passageiros.
A Gare, como é conhecida há muitos anos, se tornou símbolo local, pois a partir de sua construção desencadeou-se o contexto social da cidade, configurando a ela uma cultura de cidade ferroviária. Nos 20 anos seguintes a chegada da ferrovia a população da cidade quintuplicou.
A Estação Ferroviária de Santa Maria foi o maior entroncamento ferroviário do centro do Estado e teve seu apogeu entre 1910 e 1950. Nesse período, a maioria dos trens passava por Santa Maria. A cidade estava ligada a São Paulo desde o início da década de 20, pela ferrovia Santa Maria-Itararé, por onde grande parte da produção gaúcha era escoada.
A cidade se desenvolveu no embalo dos trens que passavam em direção à Argentina ou ao centro do país.
Infelizmente, em 1923, o prédio da Estação pegou fogo. Posteriormente, nos anos 90 houve alguns incêndios. Em 2 de fevereiro de 1996 foi desativada a linha que transportava passageiros e logo veio o abandono e os atos de vandalismo. Parte da área passou a ser ocupada por uma invasão de sem-teto, boa parte deles justamente de ex-ferroviários.
A estação simboliza uma época de fabuloso desenvolvimento econômico, social e cultural da cidade. Pelos trens chegavam mercadorias, e também pessoas que enriqueciam o panorama da cidade: caxeiros-viajantes, representantes comerciais, cantores de ópera, artistas de teatro, homens de negócios, estudantes e militares.
Arquitetonicamente, elementos neoclássicos podem ser observados nas janelas e portas. Na plataforma de embarque de trens, uma cobertura de ferro com elementos decorativos art nouveau é o que mais se sobressai.
A estação férrea é tombada em nível Municipal e Estadual (2002). Em 2007, o prédio foi finalmente restaurado pela Prefeitura Municipal. Mesmo com a estrutura danificada, alguns projetos foram realizados no local, como o Brique da Estação e o Ateliê da Estação, formado por artistas plásticos que organizam exposições e eventos culturais e a Secretaria de Município da Cultura.
A Gare reúne o patrimônio material composto de bens edificados, e também o imaterial como saberes e fazeres, estão presentes no inconsciente coletivo de Santa Maria.